Se a curiosidade matou o gato, pelo menos ele não morreu ignorante.
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sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Simpatia para prender a pessoa amada


"FUI CRIADO COMO ATEU"

Professor František Vyskočil usando um microscópio

O PROFESSOR František Vyskočil, da Universidade Charles, em Praga, é conhecido internacionalmente por suas pesquisas em neurofisiologia. Antes ateu, hoje ele está convencido de que Deus existe. Numa entrevista à revista Despertai!, o professor Vyskočil explica por que mudou de opinião.

Qual era seu conceito sobre a religião antes de iniciar sua carreira científica?

Fui criado como ateu, e meu pai costumava zombar dos clérigos religiosos. Em 1963, me formei em química e biologia. Nos meus anos de escola, eu acreditava que a teoria da evolução explicava a variedade de vida na Terra.

Fale um pouco sobre sua carreira.

Nas minhas pesquisas de pós-doutorado, estudei as propriedades químicas e elétricas das sinapses nervosas. Também estudei neurônios, bombas de membrana, transplantes e dessensibilização a medicamentos. Muitos dos resultados foram publicados, e alguns artigos foram selecionados como obras de referência. Com o tempo, tornei-me membro da Sociedade Erudita da República Tcheca, uma comunidade de cientistas que são escolhidos por profissionais da área científica. Depois da “Revolução de Veludo”, em dezembro de 1989, tornei-me professor da Universidade Charles e recebi permissão de viajar para o Ocidente a fim de me reunir com colegas de profissão, alguns deles ganhadores do Prêmio Nobel.

Chegou alguma vez a pensar em Deus?

De certa forma, sim. Às vezes, eu me perguntava por que muitas pessoas de formação acadêmica, incluindo alguns dos meus professores, acreditavam em Deus — embora de forma discreta por causa do regime comunista. Para mim, Deus era uma invenção humana. Além disso, eu ficava indignado com as atrocidades cometidas em nome da religião.

O que o levou a mudar seu conceito sobre a evolução?

Comecei a ter dúvidas quando estudei as sinapses. Fiquei muito impressionado com a incrível complexidade dessas conexões supostamente simples entre as células nervosas. Eu me perguntava: ‘Como é possível as sinapses e as informações genéticas por trás delas serem resultado do mero acaso?’ Realmente não fazia o menor sentido.
Então, no início da década de 70, fui a uma palestra de um famoso cientista e professor russo. Ele disse que os organismos vivos não podem ser resultado de mutações aleatórias e seleção natural. Daí, alguém na plateia perguntou qual então seria a explicação. O professor tirou do paletó uma pequena Bíblia em russo e, erguendo-a, disse: “Leiam a Bíblia, em especial o relato da criação em Gênesis.”
Mais tarde, no saguão, perguntei ao professor se ele tinha falado sério quando mencionou a Bíblia. Basicamente sua resposta foi: “Bactérias simples podem se dividir em média a cada 20 minutos e conter muitas centenas de proteínas, cada uma com 20 tipos de aminoácidos organizados em cadeias que podem ter centenas de elos. Para que bactérias evoluíssem por meio de mutações benéficas, uma de cada vez, levaria muito mais que 3 ou 4 bilhões de anos — o mesmo tempo que muitos cientistas acreditam existir vida na Terra.” Para ele, o livro bíblico de Gênesis fazia muito mais sentido.
Eu e vários outros cientistas nos perguntamos: ‘Como será que Deus projetou isso?’

Como os comentários desse professor o afetaram?

As observações dele, somadas às minhas dúvidas persistentes, me levaram a analisar o assunto com vários colegas e amigos religiosos, mas achei que os argumentos deles não eram convincentes. Daí, conversei com um farmacologista que era Testemunha de Jeová. Por três anos, ele explicou a Bíblia para mim e minha esposa, Ema. Duas coisas nos deixaram impressionados. Primeiro, o “cristianismo” tradicional na verdade tem pouco em comum com a Bíblia. Segundo, a Bíblia, embora não seja um livro científico, se harmoniza com a ciência verdadeira.

Sua mudança de conceito atrapalhou suas pesquisas científicas?

De forma alguma. Todo bom cientista, não importa suas crenças, deve ser o mais imparcial possível. Mas a minha fé afetou a minha personalidade. Em primeiro lugar, deixei de ser excessivamente autoconfiante, competitivo e orgulhoso das minhas habilidades científicas. Hoje, sou grato a Deus por quaisquer habilidades que eu tenha. Também, em vez de atribuir injustamente os maravilhosos projetos encontrados na criação ao mero acaso, eu e vários outros cientistas nos perguntamos: ‘Como será que Deus projetou isso?’
Professor František Vyskočil ensinando