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sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Como IBGE conta os brasileiros

Como o IBGE conta os brasileiros



Renata Costa
Sexta-feira, 22 de outubro de 2010 - 10h34
SÃO PAULO - José Sant’Anna Bevilaqua, diretor adjunto de TI do IBGE, explica como a tecnologia está tornando mais rápido o Censo 2010.
Como o IBGE conta os brasileiros
Montagem sobre fotos Andrea Marques e Claudio Rossi
Uma mudança de ferramentas fará grande diferença no trabalho dos 190 000 recenseadores que estão nas ruas dos 5 565 municípios brasileiros para coletar informações para o Censo 2010. Neste ano, o papel e a caneta foram abandonados pelos profissionais. Eles chegam aos domicílios de todo o Brasil com smartphones (com a função de telefone bloqueada) para ajudar na tarefa. Outra mudança é o Censo Online, ferramenta para envio de dados dos cidadãos pela web. Por trás da evolução tecnológica está José Sant’Anna Bevilaqua, diretor adjunto de TI do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE, e coordenador do Censo 2010. Bevilaqua, que atua no IBGE há 30 anos, falou à INFO sobre os avanços tecnológicos e as limitações do seu trabalho.
INFO -  Qual é a vantagem de usar smartphones na coleta de dados? 
BEVILAQUA - No mesmo dia que encerrarmos a coleta de informações, 31 de outubro, teremos quase todos os dados contabilizados. Claro que ainda deve levar mais umas três semanas para chegar a última informação — aquela do cara que tem de pegar um barquinho e navegar até alguma cidade para nos mandar os últimos dados. Nos outros censos, levamos de três a quatro meses para publicar os primeiros resultados; e de três a quatro anos para divulgar as análises. Nesta vez, divulgaremos os primeiros números em 27 de novembro. No início de 2012, no máximo, teremos todas as análises. Dados como taxa de fecundidade, emprego, educação e outros estarão prontos para ser divulgados.
INFO - O que acontece com a informação depois que ela é colhida no smartphone? 
BEVILAQUA - Há 7 000 postos de coleta espalhados pelo país, com laptops para centralizar as informações. Cada recenseador vai ao menos uma vez por semana ao posto para transmitir os dados. Três mil postos estão conectados à internet. Neles, a transmissão é feita quase automaticamente. Nos outros, a informação é salva num pen drive e transmitida a partir de um local com acesso à internet. Seria melhor se a informação nos fosse enviada diariamente. Mas isso ainda não é possível. No Acre, por exemplo, na época das secas, há rios que ficam completamente secos, o que impede a navegação neles. É preciso ir de bicicleta ou de moto sobre o leito do rio para chegar a uma cidade com conexão à internet.
INFO - Há postos de coleta com internet sem fio? 
BEVILAQUA - Sim, em 20% dos postos colocamos modem 2G e 3G. No Pará, contratamos 20 antenas de transmissão por satélite.
INFO - Por que os recenseadores não usam netbooks na coleta de dados? 
BEVILAQUA - Fizemos um teste com netbooks no ano passado. Foi um fracasso do ponto de vista da ergonomia. O equipamento tinha mais ou menos 1,1 quilo. O recenseador fica em pé, na rua, com aquilo no braço durante o dia inteiro. No final, o netbook pesava uma tonelada. Além disso, a luz solar atrapalhava a visibilidade da tela na rua.
INFO - Como fica a questão da segurança dos dados? 
BEVILAQUA - Por lei, somos obrigados a preservar o sigilo da informação do cidadão. Quando as respostas à entrevista são colocadas no smartphone, elas são cifradas automaticamente. Nos laptops dos postos de coleta, os dados continuam criptografados. A transmissão pela internet exige que o funcionário faça login e digite uma senha. E as informações se mantêm codificadas. Só no nosso centro de informações os arquivos são abertos para o processamento.
INFO - Qual é a infraestrutura do IBGE para processar os dados? 
BEVILAQUA - Temos servidores de diversos portes — desde mainframes z10, da IBM, até servidores de alta velocidade. Nosso data center central fica no Rio de Janeiro. Regionalmente, temos pequenos centros de processamento nos estados do Rio Grande do Sul, São Paulo, Minas Gerais e Bahia, para tratamento intermediário de dados.
INFO - As pessoas podem responder ao questionário do Censo na web? 
BEVILAQUA - Ao receber o recenseador, a pessoa pode optar pelo preenchimento na internet. Nesse caso, ela recebe um código, uma senha e o link para acesso ao questionário online. O sistema está preparado para aceitar até 10 000 pessoas simultaneamente.
INFO - Como serão os censos no futuro? 
BEVILAQUA - Nos próximos anos, teremos métodos estatísticos mais inteligentes. Com a informação de apenas algumas pessoas de um bairro, por exemplo, conseguiremos mapear toda a região. Ou seja, teremos investigação por amostra, graças ao avanço nos cálculos estatísticos

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